Audax - 300 Km POA
Depois de ter desistido do ultimo audax 300 por culpa de um pneu rasgado, o próximo seria a ultima chance para homologar o tempo para fazer o de 400Km.
Trajeto clássico da SAC, sair de Porto Alegre passando por: Charqueadas, São Jeronimo, Gen. Camara, Vale Verde, Passo do Sobrado parando em Venancio Aires (ida e volta).
Os treinos para esse brevet foram complicados, primeiro porque fiquei um mês sem pedalar, gripe fortíssima seguida de dias chuvosos e um frio de renguiar cusco, não teria como pedalar na chuva ainda me recuperando da gripe.
O primeiro treino foi um pedal de Lajeado a Marques de Souza, 44km de boa, sem forçar, depois treinos diários de 40Km e mais um pedal de 70Km entre , Lajeado, Estrela, Rota do Sol , Teutonia e Br386.
Muito pedal no frio, acabei comprando uma roupa (simple warp) de snowboard, e uma luva segunda pele, que resolveram os problemas do frio, mas o dificil era esquentar os pés, não tinha como manter a temperatura ou até mesmo proteger do frio.
Como havia a possibilidade de chuva aproveitei para comprar uma capa de chuva da Bwin.
Este seria o primeiro audax com a minha bicicleta nova e na ultima semana coloquei os pneus que faria a prova, o da frente o famigerado que rasgou e acabei fazendo um remendo, se ele aguentasse os treinos faria o brevet com ele e não é que o infeliz aguentou!!!!
A duvida para essa prova seria onde carregar as roupas na hora de tirar.....acabei levando uma mochila fato que me desagradou muito.
Levei 3 câmeras e um pneu reserva, usei também 3 faróis: um Qlite crow de 5w, excelente farol com um grande problema, o consumo excessivo de pilhas, um qlite 230 2 muito bom e um xing ling que utilizo no strobo.
No dia da prova a surpresa, um calor infernal... Dia lindo, fui para o briefing que foi algumas horas antes da largada, conversei com um gaúcho que esta radicado em Floripa, fiz o briefing com ele e jantamos juntos, na saída para rua o frio já se apresentava, e que frio, resolvi utilizar a malha nova, usei como primeira camada em contato direto com a pele e a malha de compressão por cima, ao colocar o corta vento o primeiro problema, o zíper não fechava, acabei apertando e deu certo.
Tudo pronto para a largada, pontualmente às 11 da noite nos fomos, como seria a última chance de homologar o tempo fui de boa, minha estratégia seria parar somente nos PC’s sem utilizar os postos de apoio.
À noite apesar do frio estava bem bom para pedalar, pelo km 20 encontrei o Elton e resolvi ir com ele, já que é um Randonneiro experiente e o ritmo que dele era bom.
No km35 ele parou, resolvi continuar, fui pedalando sozinho e troquei de plano, resolvi parar nos PA’s, um pouco antes do primeiro fui abrir uma barra de cereal e quase cai, nessa hora vi que o meu santo é forte. Cheguei no Km50 eram 2h10m da noite, refiz o malto e fui ao
banheiro, abri o corta vento, a camisa, tirei as alças do bretelle e consegui, usar um monte de roupa da nisso.
Depois de tudo refeito o problema, meu corta vento novamente não fechou, tentei, tentei e nada, ali fiquei uns 10 minutos tentando, cruzei ele e coloquei o colete refletivo por cima, achei q assim resolveria.
Fiquei nesse PA uns 25minutos e sai,pedalei uns 8Km e o que eu temia aconteceu, o corta vento não protegia mais do vento , acabei parando em uma parada de ônibus e troquei o corta vento pela minha capa de chuva que é uma mistura de corta vento com capa, tudo certo e me toquei.
Mais a frente parei no Km 75, só para esticar as pernas e tomar um relaxante muscular, 5 minutinhos ali e me larguei, seriam 25Km até o próximo PA, esse trajeto me trouxe muitas lembranças, pois foi nele desisti no de 200...fui tranquilo com um probleminha no farol principal que seguidamente caia, frio intenso e uma neblina danada. Cheguei no Km100, ali encontrei o gaúcho de Floripa, conversamos um pouco e ele me disse que havia quebrado o banco (acabamos o chamando de meia/bunda), resolvi ir com ele, como ele estava na minha frente o ritmo seria bom...saímos eu, ele e um amigo de Rio das Ostras, andei uns 5Km, mas como meu ritmo era mais forte toquei ficha, mais a frente encontrei uns 5 ciclistas, havia visto eles no Km75 quando parei, acho que são dos tartarugas do asfalto....e fui comboiando, nas subidas como estava de speed me distanciava, perto do km 125 uma subida e um deles ao trocar de marchas a corrente caiu, não houve tempo para desclipar, resultado? chão. Depois do km 130 dei uma apertada no ritmo, uma descida meio que tobogã, muita velocidade, depois que acabou pensei , problema vai ser subir isso depois. O dia já estava amanhecendo, e cheguei no PC1 as 07h16m, tenho que admitir que pensei varias vezes em desistir.
Carimbei meu passaporte, comi a torrada junto com chocolate quente que a organização disponibilizou, comi uma banana e tomei outro relaxante muscular (sempre seguido de uma capsula de polivitaminico), enchi as caramanholas e aproveitei para trocar as lentes dos óculos pois o sol já mostrava a sua cara.
Mais um pouco de conversa fiada e chegou o gaúcho meia bunda, notei que pela cara dele o pedal vinha sendo difícil, perguntei como estava se virando, ele disse que bem a medida do possível, lembrei que 2 dos tartarugas haviam desistido e como eles estavam com um apoio, disse para pedir um banco emprestado, ele foi e prontamente eles trocaram.
Sai do pc eram umas 8h, fui tranquilo, dia lindo mas ainda com uma serração, agora teria mais subidas do que descidas, no km 155 meu gps se entregou (era a primeira carga da bateria então acredito que não duraria como o esperado), fui bem como havia treinado, intercalando trechos de velocidade acima dos 30Km/h e outros com média entre 18 e 20km/h, essa parte do trajeto foi a mais fácil, passou bem rápido, pelo caminho encontrei 3 ciclistas e com eles me fui, pedalamos juntos uns 20Km, até chegar no PC2, eram 10h15m, aproveitei para tirar a roupa que estava úmida, estendi em uma cerca, as duas camisas, e luvas e fui almoçar. Havia fila para fazer o pedido ai fiquei circulando conversando com um e com outro, até que avistei o elton e descobri que lá no começo no km35 o quadro da bike dele havia quebrado. Conversamos bastante principalmente a respeito do outro audax de 300Km que ambos
desistimos. Vi que a fila do almoço havia diminuído e fui comer....uma ótima massa com frango desfiado. Comi e fui ver as roupas, tudo quase seco, aproveitei para guardar a capa de chuva e trocar para as luvas de meio dedos, fiquei na duvida se tirava ou não uma das malhas, resolvi que não tiraria...e parti rumo ao 3ºPC, perto do KM 165 não aguentei o calor, como a malha que estava em contato direto com a pele estava úmida eu literalmente estava cozinhando, resolvi que pararia na primeira parada de ônibus para me trocar, e acena era a seguinte: eu dentro de uma parada de ônibus literalmente pelado as 13h...kkkkkk, tirei a malha, a meia que uso por cima, coloquei tudo na mochila e segui viagem.
Tenho que dizer novamente que o dia estava muito lindo, o pedal fluía normalmente sem imprevistos, é muito bom pedalar e não ver o tempo passar, bem diferente do brevet de 200 que desisti, onde tudo era uma dificuldade,desci uma ladeira seguido por alguns carros, ali o ciclo marcou algo acima dos 70Km/h, não lembrava de ter subido aquilo tudo a noite, passei pelo posto randoméé, e seriam 25Km até o PC3. Cheguei ao posto, carimbei meu passaporte e comi dois sanduiches seguido de dois cafés com chocolate, conversei mais um pouco e troquei informações sobre a descida da ponte. Subi na bike e seriam os últimos 50km.
Nessa hora já não via a hora de acabar, pelos tempos, chegaria a POA entre as 16h e 17h, mas resolvi não arriscar querendo chegar cedo, meu objetivo era completar, e por ali fui pedalando no ritmo que as pernas mandavam, duas paradas para me esticar, tomar agua e comer algo, e cheguei no pedágio, ali era o marco....faltavam exatos 35Km, encontrei 3 bicicleteiros e com eles fui, antes de chegar a ponte fui frente, como um era de passo fundo e os outros dois de gramado, puxei a frente, tudo certo chegamos no DC Navegantes exatamente as 16h39m.
Agora devidamente brevetado e com aquele sentimento de dever cumprido, não fui o melhor e nem o pior, pois esse não é o objetivo e nem a filosofia do Audax, todos que completam a prova são vencedores e os que não completam são vencedores porque desafiam o seus limites.
Fica aqui a minha reverencia a 3 pessoas, a menina carioca e seu parceiro de pedal que brevetaram os 300Km de bikes fixas e ao Sr. que cumprimentei no final pelo simples fato de ter pedalado todos os 300km de manga curta e bermuda (se eu não tivesse visto não acreditaria).
Também temos que louvar a organização e os voluntários que acompanharam todo o trajeto naquele frio.
Até o próximo se DEUS quiser.